quinta-feira, 25 de abril de 2013

AMANHÃ VAI SER OUTRO DIA - III


Amanhã há de ser outro dia

Na última assembleia dos professores da rede pública estadual (dia 18/ABR) – no Clube Municipal – fui voto vencido na decisão sobre a entrada definitiva da categoria em greve por tempo indeterminado; pois venceu a proposta encaminhada que estabelecia a manutenção do estado de greve com nova paralisação prevista para o próximo dia 8/MAI/2013.

Confesso que a derrota teve sabor amargo principalmente pelo fato de que no meu entendimento – e de outros como eu derrotados na votação – a classe NECESSITA dar uma resposta à altura dos frequentes desrespeitos que a SEEDUC/RJ tem imposto aos docentes da rede.

É claro que a proposta vencedora também busca o melhor para a classe; mas a base do raciocínio deles foi que a conjuntura (correlação de forças) ainda não permite a entrada em greve por tempo indeterminado, e que os relatórios dos núcleos regionais do SEPE/RJ caracterizando um quadro de baixíssima adesão ao movimento iniciado no dia 16 (greve de advertência por 72 horas – 16; 17 e 18/ABR) sugeriam ser precoce entrar em greve por tempo indeterminado.

Ainda, os defensores da proposta vitoriosa – na minha visão particular do contexto de votação – semearam a insegurança (quiçá o medo) ao frisarem na possibilidade da greve não receber a adesão da base da categoria, tendo em vista os informes das regionais (quanto à adesão da greve de 72 horas).

Ora, concordo que os informes devem ser levados em consideração; mas o que é necessário mais esperar para que ocorra a correlação de forças que forneça a certeza do sucesso na adesão da greve por tempo indeterminado ?

Será que devemos aguardar que a SEEDUC/RJ passe a chicotear os professores ? Ou ainda, que os professores recebam tabefes por expressar opinião divergente da política da atual gestão da SEEDUC/RJ ?

O que mais é preciso acontecer para que não haja dúvidas do professorado quanto a necessidade inequívoca de uma resposta firme e que imponha limite as constantes desfeitas implementadas pela SEEDUC/RJ ?

Muito foi dito sobre a assembleia se configurar como vanguarda e o restante da classe ser a base; mas sinceramente, NÃO SOU NEM QUERO SER vanguarda de nada; pois a “vanguarda” de qualquer movimento possui objetos de desejos que nem sempre são os mesmos da sua base. Mas se ser vanguarda significar ser combativo, estar à frente juntamente com os seus pares, sem a busca dos holofotes, agindo com a firmeza que a situação impõe; aí sim sou vanguarda; pois fora dos termos anteriores, sou mais um da base.

No entanto, é preciso frisar que na base do professorado tem crescido a alienação, que faz com que o docente passe a abrir mão de um dos papéis inerentes do professor, que é a capacidade de pensar criticamente a realidade em que se vive.
Aliás, cabe aqui um registro de quão baixa está autoestima do professorado já que chegaram relatos na assembleia de que professores ostentavam adesivo com slogan de apoio ao Saerjinho (“Saerjinho, Eu apoio essa ideia.”) nos dias de aplicação da citada avaliação.
Deprimente, Decadente e, em certa medida, Vergonhoso.

Aplicar o tal Saerjinho é compreensível, tudo bem; mas daí a usar adesivo na blusa comprando a ideia de quem vive massacrando o professorado...

Retomando, como voto vencido que fui, calei no restante da assembleia. Fiz abstenção de votar as demais medidas, até porque o jogo democrático garante tal postura. No entanto ando “assombrado” pela ideia de estar assistindo ao total acovardamento da classe docente diante das afrontas que tem sofrido por parte da atual gestão da SEEDUC/RJ.

Professores, devemos perceber que o governo aprendeu com a greve de 2011, por isso passou a construir desde o início do ano letivo um cenário, junto à opinião pública, favorável aos seus interesses (divulgando notícias de bonificações, auxílios, gratificações...) e por outro lado estabeleceu medidas de limitação às reivindicações dos professores (série de decretos; portarias e resoluções) apelando inclusive - preventivamente – a justiça com a tal liminar que considerou a greve de 72 horas ilegal, o que possibilitou a aplicação do código 30 aos docentes que aderiram ao movimento.

Temos que entender que, uma vez decretada a greve geral, temos que levar o embate para a ALERJ; pois foi lá que construímos os resultados positivos da greve de 2011, e lá devemos encurralar o governo. Também lá temos a comissão de educação que tem dado suporte às reivindicações da classe junto ao governo. Tanto é assim que o governo estadual “infiltrou/emplacou” um deputado governista (André Corrêa/PSD) na citada comissão; pois sabe que perdeu lá em 2011.

Portanto, devemos ir às ruas em passeatas sim; fazer atos públicos sim; mas é fundamental termos a clareza que é na ALERJ que devemos concentrar nossa atuação. Ali os fatos não são ignorados/minimizados pela mídia como frequentemente são as passeatas e atos públicos. Idas à Rua da Ajuda e ao Palácio das Laranjeiras NÃO surtem os efeitos esperados na mídia, que menospreza tais ações com manchetes do tipo : “Passeata de professores atrapalha o trânsito na hora do rush”.

Ainda, em última instância todo professor é um eleitor (e por consequência a sua família e seus próximos) e é exatamente isso que devemos deixar claro na ALERJ.

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