Amanhã há de ser outro dia
Na última assembleia dos
professores da rede pública estadual (dia 18/ABR) – no Clube Municipal – fui
voto vencido na decisão sobre a entrada definitiva da categoria em greve por
tempo indeterminado; pois venceu a proposta encaminhada que estabelecia a
manutenção do estado de greve com nova paralisação prevista para o próximo dia
8/MAI/2013.
Confesso que a derrota teve sabor
amargo principalmente pelo fato de que no meu entendimento – e de outros como
eu derrotados na votação – a classe NECESSITA dar uma resposta à altura dos
frequentes desrespeitos que a SEEDUC/RJ tem imposto aos docentes da rede.
É claro que a proposta vencedora
também busca o melhor para a classe; mas a base do raciocínio deles foi que a
conjuntura (correlação de forças) ainda não permite a entrada em greve por
tempo indeterminado, e que os relatórios dos núcleos regionais do SEPE/RJ
caracterizando um quadro de baixíssima adesão ao movimento iniciado no dia 16
(greve de advertência por 72 horas – 16; 17 e 18/ABR) sugeriam ser precoce
entrar em greve por tempo indeterminado.
Ainda, os defensores da proposta
vitoriosa – na minha visão particular do contexto de votação – semearam a
insegurança (quiçá o medo) ao frisarem na possibilidade da greve não receber a
adesão da base da categoria, tendo em vista os informes das regionais (quanto à
adesão da greve de 72 horas).
Ora, concordo que os informes
devem ser levados em consideração; mas o que é necessário mais esperar para que
ocorra a correlação de forças que forneça a certeza do sucesso na adesão da
greve por tempo indeterminado ?
Será que devemos aguardar que a
SEEDUC/RJ passe a chicotear os professores ? Ou ainda, que os professores
recebam tabefes por expressar opinião divergente da política da atual gestão da
SEEDUC/RJ ?
O que mais é preciso acontecer
para que não haja dúvidas do professorado quanto a necessidade inequívoca de
uma resposta firme e que imponha limite as constantes desfeitas implementadas
pela SEEDUC/RJ ?
Muito foi dito sobre a assembleia
se configurar como vanguarda e o restante da classe ser a base; mas
sinceramente, NÃO SOU NEM QUERO SER vanguarda de nada; pois a “vanguarda” de
qualquer movimento possui objetos de desejos que nem sempre são os mesmos da sua
base. Mas se ser vanguarda significar ser combativo, estar à frente juntamente
com os seus pares, sem a busca dos holofotes, agindo com a firmeza que a
situação impõe; aí sim sou vanguarda; pois fora dos termos anteriores, sou mais
um da base.
No entanto, é preciso frisar que
na base do professorado tem crescido a alienação, que faz com que o docente
passe a abrir mão de um dos papéis inerentes do professor, que é a capacidade
de pensar criticamente a realidade em que se vive.
Aliás, cabe
aqui um registro de quão baixa está autoestima do professorado já que chegaram
relatos na assembleia de que professores ostentavam adesivo com slogan de apoio
ao Saerjinho (“Saerjinho, Eu apoio essa ideia.”) nos dias de aplicação da
citada avaliação.
Deprimente, Decadente e, em certa
medida, Vergonhoso.
Aplicar o tal Saerjinho é
compreensível, tudo bem; mas daí a usar adesivo na blusa comprando a ideia de
quem vive massacrando o professorado...
Retomando, como voto vencido que
fui, calei no restante da assembleia. Fiz abstenção de votar as demais medidas,
até porque o jogo democrático garante tal postura. No entanto ando “assombrado”
pela ideia de estar assistindo ao total acovardamento da classe docente diante
das afrontas que tem sofrido por parte da atual gestão da SEEDUC/RJ.
Professores, devemos perceber que
o governo aprendeu com a greve de 2011, por isso passou a construir desde o
início do ano letivo um cenário, junto à opinião pública, favorável aos seus
interesses (divulgando notícias de bonificações, auxílios, gratificações...) e
por outro lado estabeleceu medidas de limitação às reivindicações dos
professores (série de decretos; portarias e resoluções) apelando inclusive -
preventivamente – a justiça com a tal liminar que considerou a greve de 72
horas ilegal, o que possibilitou a aplicação do código 30 aos docentes que
aderiram ao movimento.
Temos que entender que, uma vez decretada
a greve geral, temos que levar o embate para a ALERJ; pois foi lá que
construímos os resultados positivos da greve de 2011, e lá devemos encurralar o
governo. Também lá temos a comissão de educação que tem dado suporte às
reivindicações da classe junto ao governo. Tanto é assim que o governo estadual
“infiltrou/emplacou” um deputado governista (André Corrêa/PSD) na citada
comissão; pois sabe que perdeu lá em 2011.
Portanto, devemos ir às ruas em
passeatas sim; fazer atos públicos sim; mas é fundamental termos a clareza que
é na ALERJ que devemos concentrar nossa atuação. Ali os fatos não são
ignorados/minimizados pela mídia como frequentemente são as passeatas e atos
públicos. Idas à Rua da Ajuda e ao Palácio das Laranjeiras NÃO surtem os
efeitos esperados na mídia, que menospreza tais ações com manchetes do tipo :
“Passeata de professores atrapalha o trânsito na hora do rush”.
Ainda, em última instância todo professor é um eleitor
(e por consequência a sua família e seus próximos) e é exatamente isso que
devemos deixar claro na ALERJ.
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