domingo, 25 de agosto de 2013

ANALISANDO O FATO/DADO NOVO

Recentemente postei uma proposta de reflexão sobre a greve iniciada no último dia 08AGO2013, e nela questionava qual teria sido o estopim deflagrador do movimento (o dado novo).

Quem acompanha o blog sabe que a nossa posição sempre foi e será em defesa da educação pública de qualidade com profissionais da educação remunerados de forma justa, e que há tempos o blog vem apresentando a necessidade de uma postura mais firme do professorado em resposta a (des)política de educação implementada pelo atual governo e sua gestão na SEEDUC/RJ.  (Leia)

Por isso, na postagem citada no 1º parágrafo de hoje questionava o que teria mudado para que a greve tivesse sido deflagrada. Pois bem, após alguns contatos feitos com colegas professores (onde questionávamos o tal fato novo) ouvimos que a assembleia  do dia 08AGO2013 teria “atropelado” as pretensões daqueles espíritos que vinham postergando uma tomada de atitude mais firme por parte do professorado. Ou seja, venceu a proposta de greve geral e imediata. Coisa que o blog SEMPRE defendeu e apontou o porquê de tal postura.

No entanto, ouvir dizer (por mais que tenhamos um imenso respeito, admiração e reconheçamos o compromisso dos colegas com a causa pela defesa da educação pública de qualidade) não era o suficiente. Assim decidimos ir à assembleia que havia sido marcada para a quarta-feira, 21AGO2013, para termos uma leitura ainda mais aprimorada dos possíveis rumos do movimento grevista.

A assembleia do SEPE foi realizada no Clube Municipal, na Tijuca, e o quantitativo presente lá lembrou os números do início do semestre (bem acima dos 0,5% alegado pelo secretário estadual de educação) quando o ânimo do professorado estava mais combativo. No entanto, estávamos em busca do fato/dado novo, lembram-se dele ?

Pois bem, a primeira leitura apresenta como dado novo a argumentação de que a greve dos professores da rede municipal aliada ao momento político ruim do governador teria proporcionado um novo ânimo na assembleia dos professores da rede estadual. Visto que existem milhares de professores que atuam em ambas as redes de ensino.

A segunda leitura feita apresenta como dado novo situações específicas de cada núcleo regional do SEPE que motivaram a ida desses núcleos à assembleia geral (do dia 08AGO2013) com maiores inclinações para a greve.

Eu explico.

Sabemos que não é de ontem que a atual gestão da SEEDUC/RJ vem tomando medidas que visam enquadrar o professor nos parâmetros da sua (des)política de valorização do profissional da educação e da sua GIDE. No entanto, quando tais medidas são anunciadas o professorado parece não perceber quão nocivas elas são para a escola pública, e a coisa acaba sendo “diluída” em toda a rede pela a "síndrome do não é comigo". (Ler)

A coisa começa mudar de figura quando aquilo que está disposto nos decretos e orientações da SEEDUC/RJ começa a ser colocado em prática atingindo diretamente quem tinha uma posição mais cômoda. Daí então os colegas começam a acordar e perceber o quanto os outros colegas que já sofriam tais situações (e os colegas que já tinham a percepção) estavam certos em brigar por melhorias através da greve.

Na assembleia foram coletados pelo blog vários casos de abusos de diretores contra professores e das metropolitanas contra escolas que tiveram seus projetos de aprendizagem encerrados; pois a existência desses projetos enseja uma questão mortal para a GIDE, a autonomia pedagógica da escola. Cabe lembrar que o trabalho com projetos de aprendizagem não está focado em índices quantitativos (como a GIDE está) e sim em qualitativos.

Portanto, o aumento no número dos “casos isolados” atingidos pela (des)política parece ter surtido efeito entre os professores servindo como uma espécie de choque de realidade para aqueles que antes não se enxergavam nela.

Cito um exemplo emblemático.

Estamos no 3º bimestre do ano letivo de 2013, e muitos professores retornaram do recesso tendo que refazer seus horários; pois tiveram suas turmas otimizadas. Isso mesmo !!! Turmas estão sendo otimizadas em pleno 3º bimestre !!

Seguindo adiante, se no primeiro entendimento estão expostos como dado novo o “inferno astral” político do governador somado a greve de professores da rede municipal, então estamos mal das pernas.

Eu explico.

Conforme já havia postado anteriormente, a saída ou a permanência do governador NÃO é a nossa luta (e ele já esteve mais “fragilizado politicamente”); bem como cremos que seja temerário e perigoso que estejamos em greve por "solução osmótica" (greve da rede municipal). Não podemos esquecer que a realidade da rede municipal é uma e da estadual é outra – apesar dos professores de ambas as redes buscarem uma educação pública de qualidade.

Portanto, por mais solidários que sejam os profissionais da rede municipal do RJ, certamente assim que decidirem pelo fim da greve no município estaremos sozinhos (mais uma vez). Da mesma forma que ficamos sozinhos durante a nossa greve, em 2011, assim que o movimento dos bombeiros (movimento que fomos aliados de 1ª hora) se esvaziou. Da mesma forma a “greve” do pessoal da FAETEC (diga-se de passagem, o pessoal da FAETEC não é solidário em NADA com os docentes da rede regular) e de todas as demais categorias que foram as ruas recentemente (2009-2013) em busca de melhorias para seus trabalhadores. Entretanto, TODAS elas receberam apoio “in loco” e “in persona” dos professores da rede estadual, através do SEPE.

Vejam bem, todo apoio é, e sempre será, bem vindo; mas é importante que o maior apoio venha dos principais interessados em mudanças.

Ainda, vários colegas já abordaram essa questão nas conversas feitas nas assembleias e atos públicos realizados anteriormente. (Ler)

Reiterando (mas esperando estar errado), se o que estiver prevalecendo for um entusiasmo baseado no “fato novo” descrito, será preocupante; pois se corre o risco de “faltar fôlego e pernas” para permanecer na luta.

Continuando, ao pensarmos o segundo entendimento (mais professores percebendo que NÃO estão imunes a (des)política de educação da atual gestão da SEEDUC/RJ), há nele – mesmo que tardiamente manifestado – a conscientização que se espera do professorado. Ainda que, inicialmente, a mudança de posicionamento pareça ser muito mais uma questão de interesse individual do que coletivo.  Mesmo assim, é um tipo de mobilização que se apoia em “pernas próprias” e não nas de outrem (como o da primeira leitura/análise).

Sinceramente, espero que o segundo entendimento prevaleça; pois se do contrário for correremos o risco de sofrer um esvaziamento significativo nos atos públicos e assembleias ao longo da semana que se inicia. Visto que o grau de mobilização dos docentes da rede municipal do RJ é muito maior do que entre os da rede estadual.

Finalizando, precisávamos estar lá na assembleia (Clube Municipal-Tijuca-21AGO2013) para enfim tomar uma posição.

Então que saibam :

“Aderimos a Greve desde a última assembleia e pretendemos continuar nela”. 



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